96ºEncontro 29/4/23 16ª Admoestação - Da pureza de coração - 3ª parte
- Frei
- 30 de abr. de 2023
- 12 min de leitura
Atualizado: 2 de mai. de 2023
DA PUREZA DE CORAÇÃO
O coração-mundo, a vontade indivisa e o olhar que vê Deus
Introdução
Na Admoestação XV, Francisco falava de salvaguardar no ânimo e no corpo a paz. Vimos que a paz é flor e fruto da paciência e da humildade, que são como que os ramos que brotam do tronco da pobreza de espírito, que, por sua vez, se ergue desde as raízes do amor-gratuidade, que chamamos de caridade, e também de misericórdia.
Quem é regido pelo vigor destas virtudes tem o coração puro. E quem tem o coração puro vê Deus. Este é o tema da Admoestação XVI: a pureza de coração, que vê Deus. Leiamos mais uma vez a Admoestação.
DA PUREZA DE CORAÇÃO
Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8).
São verdadeiramente puros os que desprezam as coisas terrenas, buscam as celestiais e não deixam de adorar sempre e ver o Senhor Deus, vivo e verdadeiro, de ânimo e de coração puro.
Esta admoestação se abre com a bem-aventurança da pureza, do Sermão da Montanha: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8).
Em grego, a palavra usada para “puro” é katharós. Mas, katharós significa, também, limpo, puro, incontaminado, isento, não misturado, límpido, genuíno, autêntico, verdadeiro, original. Temos também nesta língua a palavra kathársis, que quer dizer purificação, expiação, catarse. Na medicina se usava essa palavra para mostrar que seu trabalho é de expurgar o corpo, removendo o mal, isto é, tudo o que é alheio. Sócrates dizia que seu método de interrogar, também era uma catarse. Visava purificar a mente das opiniões a fim de poder alcançar o conhecimento, o saber. Já os filósofos pitagóricos entendiam que havia uma música catártica, que conduziria a alma à sua pureza pela modulação e pela harmonização com a música cósmica.
No mundo judaico, por sua vez, a pureza fora entendida tanto em sentido ritual-cultual, exterior, quanto em sentido moral-espiritual, interior. Os profetas insistiram, porém, na vaidade desta pureza, quando desprovida de uma pureza interior, moral, espiritual.
1. Puro, pureza, ver a partir de Deus
O Novo Testamento traz uma novidade: nada do criado é impuro (Rm 14, 14.20; At 10, 15; 11, 9). Não há alimentos impuros (1Tm 4, 5). Não há criaturas em si mesmas impuras, nem se há de rejeitar como impuros outros povos (como os judeus rejeitavam os samaritanos e os gentios). O próprio Jesus proclama: “Ouvi-me todos e entendei. Nada há fora do homem que entrando nele possa manchá-lo. O que mancha o homem é o que sai do homem. Quem tiver ouvidos ouça!” (Mc 7, 15). Interrogado sobre isso, ele mesmo esclarece: “O que sai do homem, porém, é o que mancha o homem. Pois é do interior do coração dos homens que provêm os maus pensamentos: prostituição, roubos, homicídios, adultérios, cobiças, perversidades, fraude, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios vêm de dentro e mancham o homem” (Mc 7, 20b-23).
No seu anúncio e no seu ensinamento inaugural, o Sermão da Montanha, que se abre com as Bem-aventuranças, Jesus então diz: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8).
Certamente, puros de coração são os pobres de espírito, são os que limpam suas almas pelas suas lágrimas, são os mansos, são os famintos e sedentos de justiça, são os misericordiosos. Para a multidão que dele se aproxima para ouvir sua palavra e para os seus discípulos Jesus diz: Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus (Mt 5,8).
A pureza de coração no seguimento ou discipulado de Jesus Cristo tem um sentido bem próprio e elevado. Como comentou D. Bonhoeffer [1], puro de coração é, neste sentido, quem confiou seu coração inteiramente a Jesus, de modo que neste coração só Jesus reine. Puro de coração é quem é limpo da mancha do mal próprio, mas também quem é limpo da mancha do bem próprio. São Francisco, certamente, também compreende assim. Puro de coração é aquele que é pobre no âmago, no mais íntimo de seu ser, de modo que não se apropria do bem que Deus opera nele e através dele, não se gloriando dos dons divinos. Puro de coração é aquele cujo coração se torna como o coração de Jesus, aquele cujo coração é como o de uma criança, aquele que volta à inocência originária pela boa vontade da penitência e pela graça. O discípulo de Jesus não vive sua vida a partir da consciência, do saber do bem e do mal. Ele vive além do bem e do mal. Isto quer dizer: ele renuncia ao mal e ao bem próprios. Vivendo centrado unicamente em Jesus, ele não se apega nem à pureza exterior nem à pureza interior, à pureza moral, à pureza da boa intenção. O discípulo é limpo do mal e do bem próprios. Sua limpidez o leva a pertencer de todo e de coração indiviso a Cristo. Ele não olha para a sua impureza nem para a sua pureza, numa atitude reflexiva. Ele olha de modo direto unicamente para Cristo, que o precede, e o segue, imitando suas obras e conformando seu ser com ele. Olhando para Cristo, esquece de si, de sua própria inautenticidade e de sua própria autenticidade. Este vê Deus. Pois Cristo é o Filho de Deus, sua Imagem originária, a expressão de seu ser. No seguimento, o discípulo fica absorto no Mestre, que o precede, e seu coração é restaurado numa inocência originária, que inclui o esquecimento de si.
No latim da Admoestação XVI de São Francisco, aparece o título “De munditia cordis”. Pureza se diz “munditia” e puro se diz “mundus”. Em latim, limpar, purificar, se diz “mundare”. O adjetivo “mundus” queria dizer limpo, asseado, elegante.
Na Roma antiga, “mundus” indicava também o lugar habitável, em contraposição, ao imundus, o lugar inóspito.
2. Limpar e manter limpo o coração, tarefa essencial do homem
Podemos, nesta direção, entender a “munditia cordis” como exortação para a tarefa que nasce do núcleo central mais profundo do homem: tornar-se homem cada vez mais capacitado para acolher o todo do seu ser; alguém que vá transformando seu coração baldio, inóspito, no qual não se consegue viver, e, neste sentido, impuro, num coração bem cuidado, cultivado, que é acolhedor para a vida, seja de si mesmo, seja dos outros, e, neste sentido, um coração puro. Na espiritualidade cristã, trata-se de ter um coração habitável pelo Espírito Santo, acolhedor da centelha divina em si, e acolhedor das diversas criaturas e suas diferenças no amor. Frei Harada comenta:
São Francisco diz: "Imundo é terreno baldio, abandonado, selvagem; nesse lugar ninguém pode viver; o ser humano não consegue morar; para poder viver nele é necessário fazê-lo mundo, fazê-lo limpo, habitável". Nosso querer, nossa vontade, nosso coração, nossas emoções são como um terreno baldio, "imundo": é necessário fazê-lo "mundo", habitável. I. é, o nosso ser humano tem que se preparar, cultivar, ajeitar, tornar adequado para que o humano possa aparecer.
O pensar ocidental acha que a mata virgem é o originário; jardim é artificial. Já o oriental não pensa assim. Pensa que o homem tem a tarefa de fazer com que o mato seja mais mato, pela arte da jardinagem; ao entrar num jardim trabalhado assim, surge admiração: que natureza bonita! E nem de longe se percebe quanto aquilo foi trabalhado por mão obediente que cortou aqui, podou lá... Sem o cuidado de um jardineiro hábil, daria uma mata confusa e selvagem.
A espiritualidade sempre afirmou que o querer, a busca, a vontade tem que ser trabalhados; não porém como nós queremos, e sim segundo uma inspiração que vem de Deus. Tem que limpar nosso coração, nossa vontade selvagem; se permanecer "selvagem" não vai colher Deus.
3. Coração como centro, morada de Deus no homem
Jesus e também São Francisco falam de “coração”. No mundo biológico, coração é o órgão do qual parte e para o qual retorna o sangue, com o seu fogo, isto é, o seu calor vital. Assim, todas as partes do corpo são mantidas em vida. Em sentido figurado, coração é o centro da alma, é o princípio de sua vitalidade, é a fonte de suas intenções, de suas afeições, de seus quereres, de seus pensamentos. É dele que emanam as potências ou capacidades da alma e suas operações, a coragem de ser, a cordialidade de viver. Enfim, é o limiar do eterno.
A Sagrada Escritura fala bastante de coração. É o centro religioso para o qual Deus se volta, que é a raiz da vida religiosa e que determina a conduta moral da pessoa humana. É no coração que se irradia a verdade de Deus (2 Cor. 4, 6) e é por isso que de coração que se crê (Rm 10, 10). O coração é o foco da alma, isto é, ali onde se acende o seu fogo, onde o ser humano traz a centelha divina. É o âmago do ânimo, em que se recolhe e do qual parte todo o sentir e sentir-se do ser humano. É o centro e o todo do ser humano. Agir de coração é agir com todo o ser. Uma coisa é agir a partir de fora, das circunstâncias de nosso mundo-ambiente e de nosso mundo compartilhado com os outros na esfera pública, outra coisa é agir a partir do mundo do coração. As demais ações são parciais, superficiais, e são, no fundo, apenas reações. As ações que são operações que nascem do coração é que são as ações totais, profundas, verdadeiras. É do coração que emergem nossas reais decisões, aquelas que decidem sobre o todo de nossa vida. Por isso, dizer: “de todo o coração” é uma redundância. O homem que vive da fé e da piedade corresponde ao Deus vivo de todo coração. Ele traz inscrito no coração a lei e a aliança do Deus vivo, que tem o seu resumo e o seu sumo, no amor a Deus de todo o coração e o amor ao próximo como a si mesmo.
O coração é ali onde o ser humano é o que ele é. Ali não há subterfúgios, nem dissimulações, nem máscaras. No coração, o ser humano está descoberto face a Deus. No coração ele é o que ele é diante de Deus. É, como nos recorda tantas vezes São Francisco nas Admoestações, nada a partir de si mesmo, como criatura. E é filho amado de Deus. Filho que é amado no Filho. O coração é a essência, o verdadeiro ser do ser humano. Viver segundo a verdade do coração é a humildade. Confessar é libertar essa verdade essencial do coração, na fé, em face de Deus e dos seres humanos.
O reino do coração é o reino amor. Cada ser humano é o que é segundo o que ele ama e como ele ama. Onde está o teu tesouro, ali está o teu coração, disse Jesus (Mt 6, 21). Crer e confessar é, em última instância, questão de amar. O coração é abertura para a gratuidade do mistério e para o mistério da gratuidade que rege todo real e suas realizações. A ordem do amor-gratuidade, da caridade, é, como dizia Pascal, a ordem do coração. O coração só é puro, isto é, só é genuinamente, autenticamente coração, quando vive na regência do amor-gratuidade.
A fé é o ocular, a ótica, a partir da qual nós vemos a Deus, com uma visão que é uma visão do coração, do amor, uma visão cordial. Frei Harada diz:
Podemos pegar literalmente esta expressão: nós humanos podemos ver a Deus, com o olho do coração. Mas o que é coração? Bem em concreto é a nossa busca, nosso amor, nossa cobiça pelo bem, pela felicidade. Ele é selvagem, confuso, busca de qualquer jeito, pega a primeira coisa que vem, está cheio de egoísmo, centrado no eu; buscamos só aquilo que cobiçamos; esta cobiça está cheia de energia, nos empurra para frente; mas é "imundo", não habitável; tem que ser mundo, tem que ser cultivado pacientemente. Na medida que vai sendo trabalhado, quando se tornar mundo, habitável, aí começamos ver a Deus.
É preciso que nossas forças vitais deixem de se centrar no eu para se centrar no si-mesmo, isto é, na nossa verdadeira identidade, no nosso coração. No coração está pulsando a força da coragem de ser, da cordialidade de viver. Ali está a imagem de Deus em nós, a centelha de Deus em nós. O eu é um centro falso. Ele não há de ser eliminado. Mas é preciso que, ao longo de nossa individuação espiritual, soframos um processo de conversão, de centroversão, isto é, de um deslocamento do centro de nossas intenções, desejos, vontades, afeições, pensamentos, do eu para o coração, isto é, para o nosso si-mesmo autêntico, o de Filhos de Deus. Sendo filhos de Deus no Filho de Deus nós o vemos pelos olhos da fé e do amor. Mas o amor é, em última instância, o próprio Deus. E Deus é, em última instância, amor. É por isso que São Francisco diz:
São verdadeiramente puros os que desprezam as coisas terrenas, buscam as celestiais e não deixam de adorar sempre e ver o Senhor Deus, vivo e verdadeiro, de ânimo e de coração puro.
Puros de coração são os que amam segundo a ordem do amor. São os que estimam os seres, as criaturas e o criador, segundo sua dignidade própria. Como o ser humano costuma amar, estimar, prezar as coisas terrenas acima de tudo, a conversão do coração para a ordem do amor requer desprezá-las. Desprezar é tomar distância. É olhar de longe. Este distanciamento do olhar daquilo que nos costuma estar mais a peito no nosso viver cotidiano, segundo a concepção usual que o ser humano tem da vida, é, na verdade, uma mudança de foco. Neste sentido, desprezar estas coisas é cuidar para que elas sejam justamente apreciadas segundo suas dignidades próprias. Desprezar quer dizer, aqui, com efeito, uma mudança de olhar do coração. Frei Harada diz:
Para São Francisco "coisas da terra, terrenas" é tudo quanto cega o olho e o impede de ver a Deus: egoísmo, busca de poder, busca de uma beleza espiritual superior; "coisas do céu, celestiais" é tudo quanto vem de Deus: humildade, sofrimento suportado por amor. Tem coração puro, habitável, receptivo, tem olho para ver Deus quem se coloca na vida buscando um valor de profundidade, não dando nenhum valor a coisas que uma certa mentalidade coloca como valor supremo; por ex. todos os valores de "consumo"; podem ser até muito "espirituais".
A Admoestação usa a palavra latina "despícere", traduzida com desprezar; "despicere" porém significa propriamente "olhar distante"; se você olhar com muita intensidade uma coisa muito interessante, as demais ficam "distantes", fora da vista; são desprezadas. A palavra desprezar não tem a conotação de ódio; é como se alguém lhe dissesse: "Você saiu na coluna social!"; há muitos que brigam e até pagam para sair, mas você fica com vergonha! Para quem não procura, isso é nada, porque a significação de uma coisa depende daquilo que você busca. Quando o medieval diz: "Verão a Deus", entende que por de trás deste "ver a Deus" há o olhar de uma busca afeiçoada, feita de todo coração.
Se nosso coração está colocado numa busca sincera, de corpo e alma, nosso olho vai começar a se afastar do que é imundo, confuso e começa surgir uma unidade coerente de valores, obrigações, compromissos, ordens, leis e tudo o mais, e outras coisas você não vê, não têm significação, não existem. Aí você tem coração puro, mundo; a missa, por ex., que antes era obrigação chata, começa a tomar dimensão de importância vital; o que antes era coisa de "pecado", de "moral", começa a ter uma significação de busca muito grande de discipulado de Jesus Cristo.
O coração puro é aquele que parte de uma busca, um querer, que é um bem-querer uno, indiviso, simples, em referência ao que é sumamente amável: o amor que é Deus, o Deus que é amor, que se encarnou em Jesus Cristo, o Menino de Belém, o Crucificado, o Pão da Vida. Quem fixa o olhar de seu coração em Jesus Cristo e deixa criar em si um coração que seja como o coração d’Ele é que é puro.
Conclusão
Jesus Cristo ensinou-nos que os verdadeiros adoradores que o Pai busca o adoram não neste ou naquele lugar, mas em espírito, isto é, para valer, e em verdade, isto é, realmente, sem dissimulações, subterfúgios, máscaras. Adorar o Pai com toda a coragem de ser, com toda a cordialidade do próprio viver, como Jesus Cristo o adorou, amando-o como filho no Filho, eis o que torna o coração do discípulo puro. Adorar é estimar como o absoluto. Quando o discípulo, com coração simples, com vontade indivisa, estima o Pai como o Tu absoluto, como fez Jesus Cristo Crucificado, então ele vive além do bem e do mal, na inocência, ele vira criança de Deus, e puro de coração. A dúvida é, na ordem do amor, não um ato da reflexão, mas uma condição do coração. Não é um momento em que nossa reflexão encara um problema a ser resolvido objetivamente. A dúvida é a divisão do coração, de nossa capacidade de amar, de querer-bem. Por isso, no coração puro não há lugar para a dúvida em referência ao Amado. Mas essa existência de adoração de Deus em espírito e em verdade só acontece como insistência numa incessante busca, em que nós, a caminho, nunca nos encontramos acabados. Neste sentido, frei Harada comenta a frase e não deixam e adorar:
Isto é, que trabalha continuamente, não desanima, recomeça de novo, não larga "de adorar e de ver o Deus vivo e verdadeiro"; que tem uma vontade muito grande, cheia de respeito, de acreditar numa grandeza superior e sempre de novo se colocar nesta busca.
Adorar é uma atitude de admitir e se sujeitar, mesmo não sabendo do que se trata, a uma força, a uma dimensão maior e fazê-lo como o centurião fez: "Senhor, eu não sou digno..."; ele não deixa entrar nenhuma dúvida; isso é adorar. Mas tudo isso não vem espontâneo; é uma postura que deve ser conquistada; é uma decisão de viver assim. Em referência a Deus, você tem que fazer como o navegante que se lança ao mar, se arrisca. Aí o nosso coração começa se ordenar, toda a nossa busca começa ter a direção e nosso coração fica mundo, em ordem, fica cosmos.
Que assim seja.
Paz e bem!
[1] Bonhoeffer, D. Sequela. Brescia: Queriniana, 1997, p. 104-105.
Para pensar e partilhar:
1. Um coração puro, o que é, como se consegue esse dom e qual sua importância?
2. Qual a relação entre a pureza de coração e Jesus Cristo crucificado?
Paz e Bem!
Fraternalmente,
Frei Dorvalino Fassini, OFM e Marcos Aurélio Fernandes
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Professor Marcos Aurélio Fernandes
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