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7º Encontro (20/03/21) - São Francisco, um convertido por excelência

  • Foto do escritor: Frei
    Frei
  • 19 de mar. de 2021
  • 5 min de leitura

3º Estágio: Da conversão crística



Introdução


Nas últimas reflexões, vimos que a Conversão Ética transformara Francisco num homem bom, nobre, caridoso e que a Conversão Espiritual o levara para as realidades sobrenaturais, realidades que estão para além do humano meramente humano do homem; realidades que transcendem os interesses particulares de nossa subjetividade, do nosso pequeno eu, do mundo, diria São Paulo. É dentro dessa transcendência, que vai surgir a graça da conversão crística, isto é, a conversão que nasce do encontro com Jesus Cristo. Vejamos!



1. O PRIMEIRO ENCONTRO COM JESUS CRISTO CRUCIFICADO


A conversão espiritual, vista no último artigo, em vez de satisfazer o coração de Francisco, torna-o ainda mais sedento e desejoso de glórias e nobrezas, sempre maiores. Por isso, movido por essa sede, e como não encontrasse o caminho que devia seguir, a fim de encontrar o novo senhor que lhe fora prometido naquele famoso sonho, Francisco começa a implorar com mais fervor a misericórdia do Senhor (LTC 13,1).


Implorar misericórdia faz-se quando se chega ao fundo do poço, num beco sem saída. Por isso, tomado por essa premência, certo dia, entrou na igrejinha de São Damião para rezar. De joelhos, olhava e contemplava uma imagem do Crucificado. De repente, o olhar benigno, sereno e piedoso do ícone daquele Cristo o comoveu todo. A experiência era de que os olhos abertos e meigos de Jesus estavam olhando somente para ele, querendo revelar-lhe um importante segredo. De imediato, ficou tão atingido por aquele olhar cheio de compaixão que ouviu com toda clareza sua voz, falando-lhe no fundo de seu coração:


- “Francisco, não vês que minha casa está desmoronando? Vai, pois, e restaura-a para mim!”

Trêmulo e atônito, respondeu:

- “De boa vontade o farei, Senhor!”

Ficou, então, tão iluminado e contente com aquela fala que, desde aquele dia até o fim de sua vida, sempre carregou, em sua alma, os estigmas da Paixão do Senhor Jesus Crucificado.

Desde então, Jesus Cristo crucificado passa a ser a alma, a vida de Francisco e ele, Francisco, passa a ser e a viver voltado, virado, con-vertido para Ele. Eis a conversão crística! Assim, imbuído desse novo espírito decide abraçar a vida desse seu novo Senhor: Jesus Cristo crucificado.


Para Francisco, amar e seguir Jesus Cristo crucificado, agora, mais que um ato, um exercício, um tempo, é um desejo, uma paixão, uma norma, uma regra, uma vida: sua nova vida, seu novo desejo, sua nova paixão, sua nova Forma de Vida. Por isso, deixando de ser um simples fiel, torna-se um “convertido” de Cristo crucificado e para Cristo crucificado. E, para sacramentar essa decisão, deixa definitivamente a casa paterna, vende o que tem e distribui tudo aos pobres. Ato contínuo, dirige-se ao padrezinho de São Damião pedindo-lhe a permissão para morar com ele (Cf. 1C 8,5-6; 7,2-6). E assim, embora com certa relutância, aceito esse seu pedido, Francisco não é mais somente um fiel ou leigo. Torna-se, oficialmente, um oblato, um “donato”, isto é, aquele que se doa, entrega a Deus ou “converso”, um convertido.


Começam, então suas primeiras experiências místicas, ou melhor, crísticas. Muitas vezes, ao sentar-se à mesa, para tomar as refeições, parava suspenso, tomado pelas coisas celestiais (LTC 15,5). Nesse tempo, comovido pelo despojamento do Crucificado, radicaliza, eleva e personaliza, também, a experiência da pobreza Dele: vai de porta em porta mendigar o pão para seu sustento. E ele próprio, falando para si mesmo, dá a razão dessa atitude:


“É necessário que vivas voluntariamente por amor daquele que nascido pobre, viveu paupérrimo no mundo e ficou nu e pobre no patíbulo e foi sepultado em sepulcro alheio!” (LTC 22,5).



2. CONVERSÃO CRÍSTICA HOJE


Hoje, após muitos séculos de esquecimento, se não de todos, mas de uma grande parte dos cristãos, a conversão crística, a mais importante de toda a Boa Nova de Jesus, está sendo redescoberta e retomada pela Igreja, a começar pelo Vaticano II: O Concílio Vaticano II apresentou a conversão eclesial como a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo (EG 26).


Também nosso Papa Francisco, retoma e aprofunda essa redescoberta conciliar. Logo no início de sua primeira Exortação apostólica, lança este apelo:


Convido todo o cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de O procurar dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que «da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído». [...] Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: «Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente para renovar a minha aliança convosco. Preciso de Vós. Resgatai-me de novo, Senhor; aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores». Como nos faz bem voltar para Ele, quando nos perdemos! Insisto uma vez mais: Deus nunca Se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir a sua misericórdia. Aquele que nos convidou a perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18, 22) dá-nos o exemplo: Ele perdoa setenta vezes sete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que a sua vida que nos impele para diante! (EG 3).



Conclusão


Assim, a fé na presença e na obra de Deus, que é Jesus e seu Espírito, no cotidiano de nossa vida, é tudo para um cristão e para uma evangelização cheia de ardor. Por isso, continua nosso Papa Francisco:


Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer; não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando; não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar sua Palavra; não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar Nele ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com seu Evangelho em vez de o fazer unicamente com a própria razão... O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar segura do que transmite, faltam lhe força e paixão. E, uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém (EG 266).




Para pensar, conversar e comentar:


1. O que você pensa ou tem a dizer acerca da conversão crística de Francisco? Ficou clara? Sim? Não? Por quê?

2. De modo geral, nós, católicos, hoje, levamos uma vida de convertidos? Sim? Não? Por que ou como?

3. A fala do Papa Francisco nos ajuda a compreender e a assumir a conversão crística? Sim? Não? Por quê?


Fraternalmente,


Frei Dorvalino Fassini, OFM e Marcos Aurélio Fernandes


Continue bebendo do espírito deste tema:


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1 Comment


silviamfve
silviamfve
Apr 14, 2021

1) Eu gostei muito da explicação da conversão cristica de Francisco, está muito clara. Gostei quando diz que seu ser e seu viver estava voltado, virado, convertido a Jesus Cristo Crucificado. Ele depois de ese encontro com o crucificado ficou apaixonado e Cristo se voltou sua vida, sua alma, e as marcas da cruxificao dijeron gravadas no seu coração para sempre até ficar na sua carne. Adorei a explicação de todo ese processo que Francisco fez desde que andava pidiendo misericórdia porque estava no fundo do poço....até encontra-se com Jesus na igrejinha de São Damião..e logo querer ser e viver como Cristo pobre escolhendo a pobreza como forma de vida.

2) Hoje, nos católicos, em geral não levamos uma vida…

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