2º Encontro (13/02/21) - A Excelência do Exemplo

Em nosso primeiro encontro, semana passada, abordamos a exortação do nosso Papa para que tomemos São Francisco como exemplo para nossa vocação e missão de reconstruir a Igreja, a humanidade e toda a Criação. No encontro de hoje, vamos refletir sobre a excelência do exemplo.

Desde crianças, vivemos envolvidos pelo exemplo. Queremos seguir e dar bons exemplos. O título de nossa reflexão quer dizer que há, até, uma excelência no exemplo. Excelência significa o vigor da busca de ser um exceler, isto é, de um crescer e aparecer que desponta de tal modo que supera as medidas já dadas até então. Assim, numa floresta, diante de uma árvore que cresce e aparece, elevando-se acima das demais, ultrapassando toda a medida, sobressaindo-se às demais, dizemos que aquela é uma árvore excelente. Ela é “excelsa”: alta, elevada, sublime. Excelência diz, pois, um quê de grandeza, de elevação, no ser. Diz um ser bom acima e além das medidas medianas. É o acontecer de uma virtude generosa, dadivosa, na sua medida em que se alcança, se conquista e se doa o melhor. O melhor, aqui, significa, justamente, virtude, isto é, excelência no vigor e na coragem de ser. Por isso, quando, no Evangelho, Jesus convida seus discípulos a terem uma “justiça” “maior do que a dos fariseus”, a serem perfeitos como o Pai celeste é perfeito, e diz que com a medida com que medirem serão medidos, está apontando para a excelência do discipulado do Pai (Cf. Mt 5, 20; 5, 48; 7, 2; Mc 4, 24-25). A excelência é, pois, o brilho, o esplendor, a iluminação do que exalta, enaltece e enobrece o ser. Por isso, São Francisco começa seu Cântico das criaturas, cantando: “Excelso, onipotente e bom Senhor...”

Por isso, quando entramos no coração da experiência do exemplo, encontramos o desejo de ser grande, importante, feliz, útil para aos outros, à sociedade. Este desejo, desdobra-se, então, num empenho de dar, cada vez mais, o melhor de si mesmo para ser o que se quer e se deve ser. Segundo Frei Hermógenes Harada, no exemplo encontramos emulação, evocação, provocação e desafio. Pois, o que aqui está em jogo é - em vendo o outro, que se dá a si o melhor de si - eu, também, dar a mim o melhor de mim. Aqui todo o trabalho, o que e como devo fazer, está referido à minha própria autonomia. E isto de tal sorte que, nesse dar-me a mim mesmo o melhor de mim, eu jamais posso ser ajudado ou substituído por outro. Assim, em seguindo o exemplo, eu sou o exemplo; em recebendo o exemplo, eu dou o exemplo (Frei Hermógenes Harada, Coisas, Velhas e Novas, IFAN, p. 381).

E continua Frei Harada: Se o exemplo é a dinâmica da autonomia da doação de si, então dar e receber exemplo não tem muito a ver com apontar-se ou ser apontado, exibir-se como modelo para os outros. Pois, num tal exercício de autonomia, o engajar-se corpo a corpo, no dar-se a si o melhor de si, é tão direto e assumido, tão trabalhoso e trabalhado, que não possui na sua dinâmica nenhum espaço livre para se ficar olhando e se mostrando para o outro como modelo e exemplo. Antes, a pessoa está enterrada de tal maneira, até o pescoço, no empenho e desempenho do perfazer-se, que estranha se alguém a aponta como exemplar e modelo, pois tudo isso lhe soa luxo, anexo, algo inteiramente alienado do que ela está fazendo para valer (idem).

Por isso, todo este empenho, se não tiver em vista o engrandecimento de uma causa ou pessoa maior e melhor do que eu, corro o risco de transformar a busca do exemplo em idolatraria de mim mesmo, egoísta, cego, endurecido, estressado e, acima de tudo triste e entristecedor. Para o cristão, a busca do melhor de si é, na verdade, a busca do Eu de Jesus Cristo. Fazer com que Ele cresça em mim e eu diminua, como diz João Batista.

A excelência do exemplo está, portanto, no fato de fazer brilhar a graça do vigor da busca do mistério de nossa identidade maior e mais profunda que, no fundo, é imitar Jesus Cristo, como o fez São Francisco. Por isso, diz o Senhor: Que a luz de vocês brilhe diante dos homens para que eles vejam as boas obras que vocês fazem e louvem o Pai de vocês que está nos céus (Mt 5,18)

Para pensar, conversar e comentar:

1. Onde está a importância, a beleza, a excelência do exemplo? A frase de Jesus ajuda para esta reflexão? Por quê?

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Continue bebendo do espírito deste tema:

- indo ao Texto Fonte: A Excelência do Exemplo: Que a luz de vocês brilhe e São Francisco de Assis, o homem que voltou à inocência original;

- postando seus comentários;

- ouvindo no YouTube: Frei Dorvalino - A Excelência do Exemplo.

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Próximo Encontro: São Francisco, um convertido por excelência - 1ª parte: Conversão Ética ou Humana

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