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24º Encontro (17/07/21) - O estudo de São Francisco de Assis - 2ª parte

  • Foto do escritor: Frei
    Frei
  • 18 de jul. de 2021
  • 13 min de leitura

Atualizado: 23 de jul. de 2021



O estudo de São Francisco de Assis

2ª Parte:

A Ética do estudo e o Espírito de Oração




Frei Francisco a Frei Antônio, meu Bispo, saudação.

Apraz-me que leias a sagrada teologia aos Irmãos,

contanto que, nesse estudo, não estingas o espírito da oração

e da devoção, como está contido na Regra

(Carta de São Francisco a Frei Antônio).



No encontro passado nós vimos como São Francisco era um homem estudioso. Ser estudioso, vimos, consiste em ser apaixonadamente empenhado em uma causa, engajado numa possibilidade de ser, e, ali, deixar-se formar segundo as exigências dela. Este deixar-se formar se dá, porém, pela aprendizagem. Aprender é apreender, isto é, agarrar aquilo que se mostra como interpelação que nos vem daquela mesma possibilidade de ser. O essencial deste aprender, porém, consiste em aprender a aprender. Estudioso é alguém que aprende a aprender. Quem assim se engaja na aprendizagem, quando menos se vê, se torna mestre. Mestre não é quem sabe, mas quem, de repente aprende, dizia João Guimarães Rosa. O mestre não é mais seguro e nem mais poderoso que o discípulo. É que o mestre precisa, sempre de novo, aprender não só o aprender – como faz o discípulo – mas ele precisa também aprender a ensinar. Ensinar é conceder acenos, indicações, dicas, ao aprendiz, para que ele se aproprie, por ele mesmo e a partir dele mesmo, das suas próprias possibilidades de aprender.


Na verdade, como diz o Evangelho, um só é o Mestre. Todos os homens são discípulos. O Único Mestre de todos é a própria Verdade que ilumina a todos, que a todos mostra o caminho da Vida. Esse Único Mestre, que não aponta para a Verdade, mas é, ele mesmo, a Verdade, não só indica o caminho, mas é, ele mesmo, o Caminho. Ele não somente ensina uma forma de viver, mas é, ele mesmo, a Vida. São Francisco foi um grande estudioso no discipulado deste Mestre, o Único, o Singular, o Extraordinário. Sob este Mestre estão todos os que, de algum modo, na história, merecem o nome de “mestres”, no plural.


Forjado na experiência fática da vida no discipulado, isto é, no seguimento do Cristo Crucificado – Sabedoria misteriosa de Deus, como dizia Paulo – São Francisco se tornou muito experiente e competente artesão nas obras da vida do espírito; se tornou um homem iluminado, clarividente, a respeito das coisas do universo, da alma, de Deus; se tornou um homem prudente, isto é, sábio nas suas decisões; se tornou um homem que descobriu também uma nova ontologia, isto é, uma nova compreensão e ciência do ser, que germina a partir do ser-com, ou seja, a partir do amor; ele se tornou um grande pensador, alguém que vivia constantemente na espera do inesperado, atento à iluminação repentina, que, como um raio, faz tudo reluzir e retinir numa claridade misteriosa. São Francisco, com sua espiritualidade e mística da Cruz, foi um dos grandes expertos daquilo que os medievais, desde Santo Agostinho até Nicolau de Cusa, chamaram de “douta ignorância”. Para usar outro título inventado por Nicolau de Cusa, São Francisco era um “Idiota da Sabedoria”. São Francisco se fazia nada para, nesse nada ser, nada saber, nada ter, nada poder, nada querer, deixar ser o ser e o não ser de tudo quanto é e não é. Era o homem da pobreza do espírito. Só a pobreza do espírito concede ao homem a liberdade da verdade e a verdade da liberdade.


Começamos esta reflexão, lendo a carta de São Francisco a Santo Antônio. Ele chama o seu confrade de “meu Bispo”! Com esta saudação, o Pobrezinho mostra toda a sua deferência, a sua estima, o seu respeito, ao confrade lisboeta, que tinha tido toda uma formação escolástica, antes de se tornar frade menor. Santo Antônio era um homem da escola, um escolar, um escolástico. Mas, qual o sentido de “escola”? O que queria dizer ser um “escolástico”? Desde a antiguidade grega, escolástico é chamado aquele homem que se dedicava à scholé. Os latinos traduziram a palavra “scholé” por “otium”. O contrário da “scholé” era a “ascholía”, que os latinos traduziram com a palavra “negotium”. Na antiguidade e na idade média, as escolas eram comunidades de culto. Uma das primeiras escolas do ocidente, a de Pitágoras, era uma confraria, quase um mosteiro, dedicado ao culto das musas. As musas eram as divindades das artes. Daí veio a palavra grega, “Museion”. Na Idade Média, quando em Constantinopla se fundou uma universidade, ela se chamou “Katholikón Museion”, isto é, museu universal. Isto é: a universidade seria o lugar em que todos os saberes inventivos humanos, teriam o seu lugar. A escola é o lugar, pois, do ócio. Mas não se trata daquele ócio vicioso, prejudicial à alma, como diz a Regra de São Francisco. Trata-se, antes, de um ócio virtuoso. Frei Egídio conhece este ócio. Trata-se do ócio como liberdade para dedicar-se ao trabalho livre e criativo do espírito. O ócio da escola é o trabalho artesanal do espírito, mais precisamente, do intelecto humano. Em todas as artes da escola o que está em jogo é o homem se tornar capaz de entreler os sentidos do real, das realizações, da realidade. Ler e entreler, porém, consiste em concentrar-se no interesse e no empenho de ver, isto é, de ter a evidência essencial, a intuição clara, das coisas. O sentido do estudo escolar ou escolástico, acadêmico, é, justamente, crescer na visão da realidade. É ser capaz de ver as coisas desde um ponto de vista mais alto. Quem vê as coisas do alto, as vê de modo mais amplo e também mais profundo. Em grego, o verbo que diz este ver, esta mirada, do alto, chama-se “episképtomai” ou ainda “episkopéo”. Por isso, “epískopos” quer dizer aquele que tem esta visão ampla, alta e profunda, e, por isso, originária, da realidade. Daí vem a palavra latina “episcopus” e a nossa palavra portuguesa “bispo”, que é como São Francisco chama a frei Antônio. “Episkopos” quer dizer aquele que é capaz de indagar, examinar, observar as coisas, e, por isso, pode prestar o serviço de ser sentinela, guardião, custódio, protetor de uma comunidade humana.


O estudo escolar ou escolástico, acadêmico, tem como sentido, assim considerado, ser este empenho livre e criativo do homem, realizado com toda a gratuidade, na busca da verdade, para além da lógica e da dinâmica do “negócio”, isto é, do “dou para que me dês”, vislumbrar novas possibilidades de ser e de realizar-se dos homens. O estudo escolar é, assim, investido e revestido de um compromisso ético, quer dizer, de uma responsabilização pela verdade e pela veracidade. Aquele que se dedica a este empenho de busca da verdade precisa lembrar a si mesmo e aos outros, continuamente, que todo o bem humano depende de o homem se emancipar, isto é, de se tomar pelas mãos, num grande empenho de autonomia, e de, assim, se libertar para a liberdade da verdade. O estudioso, neste sentido, é um homem que tem uma responsabilidade de ser “episkopos”, isto é, de ser sentinela, isto é, de ser alguém atento para os sinais dos tempos, da história, alguém que permanece desperto, à espera do inesperado; alguém que ajuda os outros a atravessarem a noite da história, para assim, dispor-se ao novo dia.


Santo Antônio era um escolástico da “teologia”. Teologia, queria dizer o mesmo que nós chamamos hoje de “Sagrada Escritura”. “Teologia” não queria dizer, aqui, a ciência humana sobre Deus. “Teologia” queria dizer, antes, a própria Palavra de Deus, sua revelação e sua inspiração através dos profetas, dos evangelistas, dos apóstolos... Ler a “Sagrada Teologia” é, assim, concentrar-se na Palavra de Deus. O que é o “estudo”, isto é, o empenho apaixonado, de “ler”? O que é “ler”? Ler não é somente decifrar um código de sinais escritos. Ler é muito mais. O que sustenta e guia o ler, a leitura? Resposta: a concentração, o recolhimento. Ler é recolher-se, concentrar-se. Em que? No escrito. Melhor: no dito da escritura. Ler é o empenho concentrado, recolhido, de indagar, examinar, observar, o que é dito naquilo que está escrito. Mas o que quer dizer: o “dito” da escritura? O “dito” é o que se mostra, o que se faz evidente, o que se ilumina a si mesmo, e, assim, torna clarividente as coisas que estão em questão. Ler, significa deixar-se iluminar pela luz da verdade que vem clarear o nosso viver. O “dito”, por sua vez, em assim clareando, nos chama em causa. Ler é se deixar chamar em causa, interpelar, por aquilo que se clareia e nos clareia. Por isso, uma leitura essencial é uma leitura que se torna resposta e correspondência a uma interpelação do que se clareia e nos clareia através do dito que se mete no escrito. O que nos clareia, porém, em última instância, é o mistério. “Só o obscuro nos cintila”, dizia o poeta Manoel de Barros. Ler é, neste sentido, suportar encarar o mistério que, ele mesmo, nos encara, nos fita. Ler é suportar a iluminação da verdade do mistério e do mistério da verdade irrompendo em nosso viver. Irrupção que se dá como um aparecer e um brilhar. O brilho da verdade, seu esplendor, nós chamamos de beleza. Por isso, ler é acolher a beleza do ser, da verdade, em nosso viver.


Ler a “Sagrada Teologia” é, pois, deixar que a Palavra de Deus ilumine todo o real, todas as realizações, toda a realidade. A “Sagrada Teologia” ou Palavra de Deus é fonte de uma mathesis universalis (ciência universal). Lê-la significa colhê-la em seu comprimento e largura, em sua altura e profundidade, como ensinou São Boaventura em seu Breviloquium. Quem alcança uma compreensão da largura dos benefícios de Deus, do comprimento de suas promessas, da sua sublimidade de sua majestade e da profundidade dos seus juízos, como diz São Francisco na sua Exposição ao Pai Nosso, este tem o nome de Deus santificado em si mesmo. Ler a “Sagrada Teologia” é, então, conhecer por um saber de experiência feito todo o real, todas as realizações e toda a realidade à luz desta iluminação superior, da graça, como ensinava São Boaventura. É, então, ouvir a interpelação desta Palavra e a ela responder, corresponder, seguindo-a.


Esta Palavra, porém, que é luz e vida originária, se encarnou. A Palavra incriada se tornou Palavra encarnada e palavra inspirada. E esta Palavra é Jesus Cristo, o Deus Crucificado. Ler a Sagrada Escritura é, pois, tornar-se discípulo, no seguimento do Cristo Crucificado: é imitar o seu exemplo, é conformar-se a Ele, é tornar-se igual a ele, idêntico com ele, um com ele.


São Francisco, na carta a Santo Antônio, diz que lhe aprazia que o confrade lesse (lecionasse) a Sagrada Teologia (a Sagrada Escritura) para os seus irmãos. Mas coloca uma condição essencial: contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito da oração e da devoção, como está contido na Regra. São Francisco retoma uma admoestação de São Paulo aos tessalonicenses: “Não extingais o espírito” (1 Ts 5, 19). Certamente, o Espírito aqui é o “Espírito Santo de Deus”. Ele é o “Dom de Deus”, de que falou Jesus à Samaritana, ensinando-a em que consistia os verdadeiros adoradores de Deus, os que o adoram em espírito e em verdade, isto é, com todo o vigor de seu ser, com toda a sua vitalidade, para valer. Este, o “Dom de Deus”, é a “água viva”, que jorra do fundo do coração daquele que renasce a partir da Palavra de Cristo. É uma fonte borbulhante. Há que se cuidar para que não seja extinguida em nós. É também um fogo crepitante, cujas centelhas incendeiam os corações humanos com a caridade ardente, seráfica. Em outra passagem, Paulo exorta aos efésios: Guardai-vos de entristecer o Espírito Santo de Deus com o qual fostes marcados para o dia da redenção (Ef 4, 30). São Francisco coloca como condição imprescindível de tudo o que constitui estudo e trabalho na forma de vida evangélica esta: que não se extinga o espírito, que é o Sopro, a Água Viva, o Fogo de Deus no homem interior.


O estudo pode ser assumido como uma tarefa espiritual e pode ser assumido como um interesse carnal. Pode estar sob a égide do cuidado do homem interior e de sua experiência do Espírito e pode estar sob a égide dos cuidados e solicitudes do homem exterior e suas cobiças. Pode ser dirigido à e pela Sabedoria do Espírito, que concede a “caridade que edifica” e pode ser dirigida à “ciência que infla”, como diz São Paulo (1 Cor 8, 1; 13, 4). Este contraste paulino entre ciência que incha e caridade que edifica é retomado várias vezes nas Fontes Franciscanas. No Espelho da Perfeição (69) é-nos exposta uma fala de São Francisco a respeito do perigo desta “ciência inflacionária”, isto é, que infla e incha, mas que não faz crescer de verdade.


Os irmãos que se deixam arrastar por um desejo exagerado de saber, nos dias das tribulações serão encontrados de mãos vazias. Eis por que preferiria que vos exercitásseis mais na prática da virtude a fim de que, quando chegar este dia, o Senhor esteja convosco na vossa agonia, porque nos dias de tribulações de nada vos servirão os livros que serão atirados pelas janelas e encerrados nos mais escuros esconderijos.


Será que esta fala vai contra o que São Francisco diz a Santo Antônio, isto é, que lhe aprazia que o seu confrade, homem de escola, lesse a Sagrada Teologia aos irmãos? O próprio “Espelho da Perfeição” esclarece:


Não falava assim porque o estudo das Sagradas Escrituras lhe desagradasse, mas para os desviar de um zelo excessivo e inútil pelos estudos. Preferia vê-los progredir na mais ardente caridade a vê-los crescer nesta ciência fátua e enganadora.


O que São Francisco condena não é o estudo, o estudo acadêmico, a inteligência e a ciência. O que ele condena é tudo isso sem espírito. Hoje, ao que parece, temos tudo isso, mas sem a experiência originário do espírito. Assim estes “dias de tribulações” fazem-se sentir.


O exemplo de como cultivar a ciência, que é animada pelo Espírito da caridade que edifica, foi dada pelo próprio São Francisco. Para São Boaventura, o próprio São Francisco era um exemplo de teólogo, isto é, de homem que alcançou a mais alta inteligência da Sagrada Teologia, isto é, das Sagradas Escrituras (1B XI, 1):


O esforço indefeso da oração, aliado à prática contínua das virtudes, levou o homem de Deus a tanta serenidade da mente, que, embora não tivesse, pelo ensino, perícia alguma nas Sagradas Letras, todavia, irradiado pelos fulgores da luz eterna, perscrutava, com admirável acuidade de inteligência, as profundezas a das Escrituras. Pois seu engenho puro, penetrava os segredos dos mistérios e, onde não havia a ciência dos mestres, entrava o afeto de quem ama. Lia, às vezes, os livros sacros e o que, uma vez, se introduzia no espírito, gravava tenazmente na memória, pois não era em vão que, com o ouvido atento da mente, percebia o que ruminava com o afeto de uma devoção contínua.


São Boaventura, no seu Itinerário da mente para Deus, coloca esta advertência ao leitor que começa a ler a sua obra:


Eu convido, pois, o leitor primeiramente ao gemido da oração, feita em nome de Jesus crucificado, cujo sangue nos purifica das manchas dos nossos pecados. Que não venha a crer que baste a leitura sem unção, a meditação sem a devoção, a indagação sem a admiração, a atenção profunda sem a alegria do coração, a atividade sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade, o estudo sem a graça divina, o espelho sem a luz sobrenatural da divina sabedoria [1].


E, ao fim do mesmo Itinerário, isto é, da “Speculatio Pauperis in deserto” (Especulação do pobre no deserto), São Boaventura, falando da experiência mística, que os medievais chamavam de “douta ignorância”, diz:


Se agora procuras saber como isso acontece, pergunta-o à graça e não à ciência, ao desejo e não à inteligência, ao gemido da oração e não ao estudo dos livros, ao esposo e não ao mestre, a Deus e não ao homem, à escuridão e não à clareza. Pergunta-o, não à luz, mas ao fogo que tudo inflama e transfere a Deus com uma unção que arrebata e um afeto que devora[2].


O estudo escolar pode e deve preparar a mente do homem para a oração e a devoção. Oração quer dizer: elevação da mente para Deus; disposição do coração humano para fazer a vontade de Deus, isto é, querer o que e como Deus quer, amar o amor em toda e qualquer circunstância e situação. Devoção quer dizer: trazer sempre no coração a memória de Deus; cultivar a veneração e a adoração ao seu mistério sem cessar. O pivô da oração e da devoção está na atenção a Deus.


Há um belo ensaio de Simone Weil, que foi incorporado no livro intitulado “Attente de Dieu (Espera de Deus)”. O ensaio se chama Reflexões sobre o bom uso dos estudos escolares em vista do Amor a Deus. Ela escreve:


A chave de uma concepção cristã dos estudos é a de que a oração é feita de atenção. É o orientar para Deus toda a atenção de que a alma é capaz. Da qualidade da atenção depende em muito a qualidade da oração. O calor do coração não pode supri-la.


Só a parte mais elevada da atenção entra em contato com Deus, quando a oração é suficientemente intensa e pura para que um tal contato se estabeleça; mas toda a atenção está virada para Deus.


Os exercícios escolares desenvolvem, bem entendido, uma parte menos elevada da atenção. Eles são, não obstante, plenamente eficazes para fazer aumentar a capacidade de atenção que estará disponível no momento da oração, desde que os executemos para esse fim e para esse fim apenas.


Se bem que hoje tal pareça ignorar-se, a formação da faculdade da atenção é o verdadeiro fim e quase o único interesse dos estudos. A maioria dos exercícios escolares tem também um certo interesse intrínseco; mas esse interesse é secundário. Todos os exercícios que fazem um verdadeiro apelo à capacidade de atenção são interessantes a título idêntico e de modo quase igual.


(...)


A inteligência não pode ser conduzida senão pelo desejo. Para que haja desejo é necessário que haja prazer e alegria. A inteligência não cresce e não dá frutos senão na alegria. A alegria de aprender é tão indispensável aos estudos como a respiração aos corredores. Onde ela está ausente, não há estudantes, mas pobres caricaturas de aprendizes que no final da sua aprendizagem nem ofício terão.


Assim entendido, o estudo não somente não obstaculiza o espírito de oração e devoção, quanto o favorece.


Por fim, São Francisco, ao dar o seu beneplácito a Santo Antônio, remete à Regra. O que encontramos na Regra é a mesma advertência para não extinguir o espírito da oração e da devoção em se tratando do trabalho. No Capítulo V lemos: Os Irmãos, aos quais o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fiel e devotamente. Assim, excluído o ócio, inimigo da alma, não extingam o espírito da santa oração e devoção, ao qual devem servir todas as coisas temporais. Assim, ao estudo escolar, acadêmico, se aplica o mesmo princípio que rege o trabalho manual: o de não extinguir o espírito da oração e da devoção. O estudo pode ser entendido, assim, como também inferiu São Boaventura, como um trabalho. O estudo acadêmico é o trabalho artesanal do intelecto. Este deve ser realizado com a mesma disposição com que é feito o trabalho manual. O importante é que o homem, em tudo quanto ele faz de temporal seja feito na atenção ao Espírito do Senhor e ao seu santo modo de operar. Assim, a ética do estudo se encontra e se conjuga com o espírito da oração.


[1] Boaventura de Bagnoregio. Escritos filosófico-teológicos. Porto Alegre: Edipucrs, 1999, p. 293. [2] Idem, p. 347.



Para pensar, conversar e comentar:


1. Qual a compreensão de Francisco acerca do Estudo da Teologia? Como essa compreensão poderia ajudar-nos na renovação de nossos estudos teológicos?

2. Quais as exigências éticas de um tal estudo?

3. Como estudo e oração se relacionam?



Paz e Bem!

Fraternalmente,


Frei Dorvalino Fassini, OFM e Marcos Aurélio Fernandes.




Continue bebendo do espírito deste tema:


- indo ao texto-fonte: 24º Encontro - O estudo de São Francisco de Assis -

2ª Parte: A Ética do estudo e o Espírito de Oração


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- ouvindo no YouTube: Frei Dorvalino - 24º Encontro - O estudo de São Francisco de Assis - 2ª Parte: A Ética do estudo e o Espírito de Oração

Professor Marcos Aurélio Fernandes


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