109º Encontro - 23/03/24 - 22ª Adm - Da correção
- Frei
- 23 de mar. de 2024
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DA CORREÇÃO
Depois de exortar-nos a seguir Jesus Cristo no vigor e rigor da disciplina profissional (Ad XXI), pois, o religioso é um profissional das coisas de Deus; depois de falar da possibilidade do religioso cair na desventura da loquacidade infrutífera e nefasta, Francisco, agora, passa a exortar-nos acerca da correção. A sequência dos assuntos é, portanto, muito lógica, pois como ser bom na busca de nossa identidade de seguidores de Cristo, sem a vara da correção? É dentro dessa mesma lógica que Francisco chama nossa Regra de “caminho da perfeição” (2C 208). Isso significa que todo frade, em vez de considerar-se perfeito, deve sempre ver-se a caminho da perfeição. Recordemos a famosa consideração do próprio Francisco, no fim de sua vida: “Irmãos, vamos começar a servir a Deus porque até agora pouco ou nada fizemos”. Vejamos o texto:
1Bem-aventurado o servo que suporta advertência, acusação e repreensão de outrem tão pacientemente como de si mesmo. 2Bem-aventurado o servo que, na repreensão, benignamente aquiesce, com reverência obedece, com humildade se confessa e de boa vontade a satisfaz. 3Bem-aventurado o servo que não é precipitado em escusar-se e humildemente suporta vergonha e repreensão pelo pecado que não cometeu.
1. Título
O termo correção, e sua prática, algumas vezes, chegaram até nós com uma carga bastante negativa, entendida apenas na sua dimensão punitiva, repreensiva. Realmente, toda correção sempre tem um quê aparentemente negativo porque inclui a necessidade do castigo, da coerção, da privação de certas liberdades a fim de eliminar erros, decadências, enganos, injustiças, males, etc. Mas, antes ou além da punição, a verdadeira correção consiste no esforço e no trabalho de impor-se a forma mais precisa, exata e correta da busca de sua identidade. De fato, o próprio termo correção, e seus derivados, como, corrigir, endireitar, retificar, etc, expressam o trabalho de tornar-se reto ou, mais precisamente, de pôr-se de pé a fim de poder andar de modo seguro e preciso, dentro da ordem de sua vocação-profissão. Trata-se, pois e enfim, da importantíssima e indispensável técnica ou habilidade de ser discípulo. E quanto mais elevado o discipulado maior e mais importante essa necessidade. Em verdade, sem correção ninguém chega a lugar nenhum, muito menos a ser seguidor de Jesus Cristo.
Aliás, o que são as bem-aventuranças franciscanas senão técnicas, ou melhor, exercícios na busca das posturas básicas e indispensáveis dessa que é a profissão de todas as profissões de um cristão ou franciscano: o seguimento de Jesus Cristo pobre e crucificado? Nessa Admoestação, encontramos, propriamente, três desses exercícios básicos, três bem-aventuranças: a primeira vem caracterizada com o verbo suportar, a segunda com os verbos aquiescer, obedecer, confessar-se, e satisfazer, e a terceira insiste para que não sejamos precipitados em escusar-nos diante de repreensões que não cometemos. Não é muito difícil intuir, como pano de fundo dessas três admoestações, a sabedoria da cruz, tão bem assumida e vivida por Jesus Cristo em seu seguimento do Pai e, posteriormente, retomada por Francisco.
2. Bem-aventurado o servo que suporta advertência, acusação e repreensão de outro, tão pacientemente, como de si mesmo (1)
Na espiritualidade cristã e franciscana, a importância e a necessidade que se dá à dinâmica do verbo suportar pode ser percebida, não apenas pelo número de vezes que esse verbo aparece, mas também pelas circunstâncias e pelo modo como é empregado. De modo geral, essa dinâmica sempre vem apontada como condição necessária e indispensável para ser feliz e bem-aventurado. Isso nos choca um pouco ou bastante porque ela chegou até nós com uma forte carga negativa de “sacrificação”. Por isso, embora não seja rejeitada, quase sempre é entendida apenas como um meio ou recurso do qual se procura livrar-se o quanto antes. E se, por acaso, a situação é irreversível vai se aguentando, a modo de escravo ou de burro que não consegue desfazer-se de sua carga. Mas, de qualquer forma, jamais procurada como um fator positivo, com valor e importância em si mesma e permanente para nossa realização humana e cristã, isto é, para nossa bem-aventurança.
Em todo caso, comecemos pelo seu princípio ou pela sua lógica, que é muito simples e clara: para o religioso ser feliz, bem-aventurado, bem realizado tem de submeter-se à dinâmica da correção e essa à dinâmica de suportar com paciência. Ou seja, para a correção ter efeito deve ser sustentada por longo tempo, pois, do contrário, nenhuma mudança ou transformação jamais conseguirá criar raízes e deixar as devidas marcas de uma renovação ou conversão consistente, contínua e eficaz.
Acontece que, além daquela compreensão negativa, entendida como “sacrificação”, suportar tem o sentido positivo da dinâmica de quem, movido pela gratuidade do encontro, se dispõe a carregar um grande valor, uma riqueza de suma importância para o bem seu e de toda a humanidade e, consequentemente, para a realização de sua vida. Nesse sentido, por exemplo, nenhuma mãe vai lastimar ou considerar coisa negativa ter de carregar, suportar o peso do nenê em seu seio, uma vez que ele se constitui no sentido de sua vida, sua própria identidade.
Até aqui, tudo bem! Ninguém vai sentir-se inferiorizado, complexado, desvalorizado ou “sacrificado” pelo fato de ter de suportar algo que constitui o tesouro de sua vida. O difícil, estranho e incompreensível está no conteúdo dessa admoestação: suportar com paciência advertência, acusação e repreensão que vem do outro como se viesse de si mesmo.
Primeiramente devemos recordar que todas as Admoestações se movem a partir do vigor do discipulado evangélico, que tem na dinâmica da recepção o princípio básico de toda a sua conduta. Ou seja, para ser um bom discípulo de nosso Senhor Jesus Cristo precisa-se aprender a receber a correção. E, para aprender a receber, é preciso ser paciente consigo e com os outros, principalmente com aqueles que nos são adversos.
Ser paciente significa dispor-se a padecer, a provar e curtir, se diria hoje, todos os aspectos ou elementos próprios de sua busca ou caminhada vocacional. E, a exemplo de uma boa alimentação diária, não há como duvidar dos benefícios vocacionais e profissionais para quem, durante muitos anos, se submete a tal experiência.
Mas, porque aprender a receber pacientemente a correção dos outros, principalmente daqueles que nos advertem, acusam e repreendem, é um benefício?
Novamente a resposta é muito simples. É que o eu, o ego de nossa subjetividade quase sempre se conduz pela dinâmica da condescendência para consigo mesmo: sempre pronto a defender a si e a acusar o outro. Dentro dessa dinâmica quase sempre encontrará uma desculpa, uma defesa que o impedirá de ver a real situação de seus erros, vícios e pecados. E, consequentemente, o mais grave de toda essa dinâmica é que jamais terá a coragem de impor-se o tratamento indispensável e a assumir os remédios necessários, embora amargos, para uma real e verdadeira correção.
A admoestação, portanto, está como que dando uma boa sacudida ao nosso pequeno e fechado eu a fim de que se abra e saiba aproveitar tudo quanto lhe que advém gratuitamente do outro. Só assim poderá crescer nessa importante e difícil arte da correção. Em vez de rejeitar o outro, portanto, e discriminá-lo como inimigo, a exemplo do Mestre em relação a Judas, deveria tê-lo sempre como amigo e grande benfeitor.
Na raiz da dificuldade em aceitar de bom grado as advertências, as acusações e repreensões que vem dos outros está o fato de entendermos a Vida religiosa mais como lugar de vivências subjetivas anímicas e eufóricas; mais um lugar de satisfação e realização do eu de sua subjetividade do que, propriamente, como Escola de uma contínua aprendizagem do Eu de nosso Senhor Jesus Cristo; uma aprendizagem conquistada a duras penas, nascida de uma longa e paciente experiência da vocação religiosa.
3. Bem-aventurado o servo que, na repreensão, benignamente aquiesce, com reverência obedece, com humildade se confessa e de boa vontade a satisfaz (2)
A segunda bem-aventurança dessa Admoestação dá um salto de qualidade evangélica em relação à primeira. Se antes, na repreensão, era para sermos pacientes, agora, nos exorta a que nos aquiescemos benignamente: da paciência à benignidade, do suportar para o aquiescer-se.
Pelas inúmeras vezes em que Francisco fala ou escreve, benignamente deve-se supor que ele dava muita importância ao modo de ser da benignidade. Esse modo de ser, primeiramente, se revela em sua plenitude e magnificência no próprio Jesus Cristo, chamado pela Sagrada Escritura de benignidade de Deus (Tt 3,4), isto é, o bem gerado, o bem nascido, o bem amado de Deus. Mas, revela também o nosso nascimento de vocacionados ao seu seguimento no espírito de São Francisco, como franciscanos, portanto. Pois, o que é nossa vocação à Vida, à Ordem franciscana senão fruto não do nosso esforço ou empenho, mas do Espírito do Senhor e seu santo modo de operar, uma operação divina, diante da qual, a modo de Cristo, precisamos aquiescer-nos.
Aquiescer-se, no latim “acquiescere”, indica a dinâmica da semente que procura ficar serena, tranquila, quieta e em profundo repouso na aconchegante e calorosa fecundidade do solo para, assim, aos poucos, permitir que de seu interior desabroche toda a riqueza de uma nova vida nela misteriosamente contida, resumida e escondida.
Feliz, realizado, bem-aventurado, portanto, é aquele frade que, quando ou mesmo repreendido, pode oferecer o solo, a terra de um coração bom, sereno, aquiescido para o seu Senhor lançar as sementes de seu Reino, sementes prenhes de amor e misericórdia. Jesus fala dessa questão na parábola das sementes do Reino. Muitas sementes não vingam e nem florescem porque o terreno é duro, pedregoso, espinhento. Mas, quando essa semente encontra um terreno bom, isto é, dócil, humilde e generoso os frutos são cem por um. Mas, há uma diferença bem significativa entre o terreno da parábola e o terreno físico, material. Esse, quanto mais for usado para o plantio, mais se desgasta, se empobrece, não se torna feliz, realizado. Com o terreno do coração humano, porém, quando acolhe o outro, sempre sairá enriquecido porque estará acolhendo o próprio Senhor, como Ele mesmo proclamou: Quem acolhe um só destes pequeninos, em meu nome, a mim acolhe (Mt 18,4).
Para sermos bem-aventurados, bem sucedidos e realizados na correção, além de aquiescer-nos benignamente, Francisco nos exorta a que, também, aprendamos a obedecer com reverência.
Para Francisco a essência de todo o pecado, a exemplo de Adão no paraíso, está no fato do homem apossar-se do maior e mais precioso de toos os dons que o Senhor lhe concedeu: a vontade. Assim, em vez de escutar, ouvir e obedecer a Deus, seu Senhor, passou a escutar, ouvir e seguir sempre mais sua própria vontade, desejos e caprichos, afastando-se e desligando-se, assim, de sua origem, do seu amor originário e único [1]. Em vez de amar aquele que o ama por primeiro, passou a amar-se a si mesmo.
Jesus Cristo, pelo mistério de sua encarnação, fez o contrário: colocou sua vontade não apenas na vontade do Pai, mas também na vontade de seus perseguidores e malfeitores até as últimas consequências. Assim, quem O segue nessa dinâmica corrige em si e nos outros a decadência (pecado) original, tornando-se, também ele, com Ele e como Ele bem-aventurado, isto é, bem sucedido, bem realizado.
Além de suportar a repreensão com paciência, e nela aquiescer-se benignamente, além de, nesse caso, obedecer com reverência, a bem-aventurança franciscana passa pelo caminho da confissão humilde. Por isso, diz Francisco: com humildade se confesse.
Já vimos nas reflexões anteriores que humildade é o vigor que brota do húmus, da terra, isto é, do chão de nossa identidade. Por isso, feliz, bem-aventurado o servo que sabe confessar-se, isto é, que sabe reconhecer, pública e solenemente, diante de si e dos outros, que sempre está em falta em relação ao seu altíssimo e bom Senhor, do qual vem todo o bem, principalmente o bem de sua vocação.
Finalmente, para completar essa bem-aventurança, Francisco diz que é preciso satisfazer de boa vontade sua falta. Ou seja, a correção só será completa se a falta for satisfeita, isto é, se a lacuna, o vazio, que se criou pelo pecado forem preenchidos e isso de boa vontade. De boa vontade ou livremente, significa fazer a correção no vigor originário e gratuito do nosso chamado ao seguimento de Jesus Cristo; significa reconduzir-se no vigor da fonte originária da gratuidade misericordiosa a partir da qual começou toda a nossa existência franciscana. Mas, para isso é preciso dar-se conta que a vocação franciscana não é parte de nossa vida, mas nossa Vida. Santa Clara diz que essa vocação é o maior dos benefícios com o qual Deus nos enriqueceu: seguir, imitar seu Filho. Poder ser e estar com Ele como amigo, irmão, esposa.
4. Bem-aventurado o servo que não é precipitado em escusar-se e humildemente suporta vergonha e repreensão pelo pecado que não cometeu (3)
Estamos diante da última bem-aventurança dessa Admoestação. Última não porque vem no fim e depois das outras duas, mas porque, por seu elevado grau de perfeição evangélica, nos conduz até Cristo crucificado. Um grau é suportar pacientemente acusações e repreensões. Outro, já mais perfeito, é aquiescer-se benignamente, obedecer com reverência, etc. Finalmente, não há maior grau de perfeição evangélica do que esse último, isto é, quando, a exemplo do próprio Mestre, o discípulo procura suportar vergonha e repreensão por pecados que não cometeu. Aí estamos no auge da mensagem evangélica testemunhada por Cristo na Cruz.
Voltamos a repetir que um dos problemas fundamentais hoje, entre nós, religiosos, é a falta de consciência profissional acerca da Vida religiosa. Se conduzíssemos nosso discipulado na dinâmica profissional teríamos sempre em grande apreço e estima a toda e qualquer correção, venha de onde vier. Mas, como vivemos envoltos por uma sensibilidade profundamente marcada pelo amor ao eu de nossa própria subjetividade, nossa tendência é rejeitar de imediato e de antemão toda e qualquer repreensão. Esquecemos que a correção pertence essencialmente à caminhada humana, cristã e franciscana. Do bom profissional, bem como da criança, deveríamos aprender a ser dóceis a todas as repreensões e correções. Enfim, bem vive quem bem sabe e quer se corrigir, e mal vive quem não sabe ou não quer se corrigir.
Segue, então, essa última exortação, difícil de ser aceita pelo homem emancipado, senhor desse mundo e de si mesmo: suportar vergonha e repreensão pelo pecado que não cometeu.
Não há como não ver aqui a conduta de Cristo, tão bem registrada pelo apóstolo Pedro nesta passagem: Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus. Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano; sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. (1Pd 2,20-24)
Mas, onde está a grandeza desse modo de ser herdado de Cristo? Ou seja, porque a Cruz é tão importante para Cristo a ponto de desejá-la com tanto ardor e paixão? Porque nela está o Pai com seu amor misericordioso, inaudito, capaz de amar seus inimigos até a entrega à morte de seu Filho único. Se um Deus que nos ama assim não nos comove mais, então não há o que se fazer senão chorar e implorar de joelhos a graça da conversão.
Palavra da Igreja, hoje
O Papa Francisco, na oração do Angelus de 06 de setembro de 2020, falou da pedagogia de Jesus acerca da correção fraterna: para corrigir o irmão que cometeu um erro, Jesus sugere uma pedagogia de recuperação. E a pedagogia de Jesus é sempre uma pedagogia de recuperação; Ele procura sempre recuperar, salvar. E esta pedagogia da recuperação articula-se em três etapas. Primeiro diz: «repreende-o a sós» (v. 15), ou seja, não ponhas o seu pecado na praça. É uma questão de se dirigir ao irmão com discrição, não para o julgar, mas para o ajudar a dar-se conta do que fez. Quantas vezes já fizemos esta experiência: alguém vem e diz-nos: “Mas, ouve, erraste nisto. Devias mudar um pouco naquilo”. Talvez no início nos zanguemos, mas depois agradecemos, porque é um gesto de fraternidade, de comunhão, de ajuda, de recuperação.
E não é fácil pôr em prática este ensinamento de Jesus, por várias razões. Há o receio de que o irmão ou irmã reaja mal; por vezes não se tem muita confidência com ele ou com ela... E outros motivos. Mas todas as vezes que o fizemos, sentimos que era precisamente o caminho do Senhor.
Conclusão
O termo correção expressa o trabalho de tornar-se reto ou, mais precisamente, de pôr-se de pé a fim de poder andar de modo seguro e preciso dentro da ordem de sua vocação-profissão. E, quanto mais elevada a Vida, mais importante e necessário esse exercício. Em verdade, sem correção ninguém chega a lugar nenhum, muito menos a ser seguidor de Jesus Cristo. Com isso a Admoestação não faz outra coisa senão retomar uma das linhas mestras de toda a História Sagrada: a presença de um Deus que, a modo de Pai, atenta e diligentemente, está sempre corrigindo seus diletos filhos, isto é, liberando-os do caminho da morte, do desfortúnio de um caminho sem Deus, sem Pai, sem irmãos a fim de conduzi-los para o caminho da vida, da felicidade de um Deus e Pai que mora e vive conosco através de seu Filho. Por isso, no Apocalipse, diz o Senhor: Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te (Ap 3,19).
[1] Cf. Ad II
Paz e Bem.
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Da correção
Professor Marcos Aurélio Fernandes
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