TEXTO-FONTE - 8º Encontro (27/03/21) São Francisco, um convertido por excelência - Da graça, sua ...
- Frei
- 26 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de abr. de 2021
2 º Estágio (retorno e continuação): Da graça, sua doçura e ressonância:
conversão espiritual de São Francisco
Legenda dos Três Companheiros, 7 a 10
III. Como o Senhor, pela primeira vez, visitou seu coração com admirável doçura, em virtude da qual começou a progredir pelo desprezo de si e de todas as vaidades, bem como pela oração, pelas esmolas e pelo amor à pobreza.
7. Poucos dias depois que voltou para Assis, certa noite foi escolhido pelos companheiros como senhor, para que fizesse as despesas segundo sua vontade. Como muitas vezes o fizera, mandou, portanto, preparar suntuosa comida. Tendo deixado a casa alimentados, seus companheiros iam juntos à sua frente, cantando pelas ruas da cidade, levando ele na mão o bastão como senhor e ia um pouco atrás deles, não cantando, mas meditando com muita diligência. E eis que de repente é visitado pelo Senhor; seu coração ficou repleto de tanta doçura que não podia falar nem mover-se, e nada conseguia ouvir nem sentir senão aquela doçura; ela, de tal modo o alienara do sentido carnal que – como disse mais tarde – se na ocasião fosse todo cortado em pedaços, não poderia mover-se do lugar.
Quando os companheiros olharam para trás e o viram tão distanciado, voltando até ele, espantados, veem-no quase como já “transformado em outro homem”. Interrogam-no dizendo: “Em que pensaste quando não nos seguiste? Pensaste acaso em te casar?” Ele respondeu-lhes de viva voz: “Dissestes a verdade, porque pensei em receber a mais nobre, mais rica e mais bela noiva como jamais vistes”. ”Zombaram dele”. Disse, porém, isto, não por si mesmo, mas inspirado por Deus, pois esta noiva foi a verdadeira Religião que abraçou, a mais nobre, mais rica e mais bela que as demais por causa da pobreza.
8. Assim, a partir daquela hora, começou a ter-se por vil e a desprezar aquelas coisas que amara antes, embora ainda não plenamente, pois não se libertara ainda totalmente da vaidade do mundo. Aos poucos, porém, subtraindo-se do barulho do mundo, esforçava-se por ocultar Jesus Cristo no homem interior e a pérola que desejava comprar, “vendendo tudo” e ocultando-se aos olhos dos iludidos, muitas vezes e quase diariamente se recolhia secretamente em oração. A isso impelia-o, de certo modo, com urgência, uma prelibada doçura que, frequentemente, o visitava e o impelia da praça e outros lugares públicos à oração. Embora, já no passado, tivesse sido benfeitor dos pobres, desde então, propôs mais firmemente “em seu coração” nunca mais negar a nenhum pobre esmola pedida por Deus, mas dar esmola com maior liberalidade e abundância que de costume. Sempre que qualquer pobre lhe pedia esmola fora de casa, se podia, providenciava para ele dinheiro. Estando sem dinheiro, dava-lhe o gorro ou a cinta, para não “despedir o pobre de mãos vazias”. Se, contudo, nem isso tinha, retirava-se para algum lugar oculto e tirando a camisa, para lá mandava o pobre secretamente, a fim de que a tomasse por Deus. Comprava também utensílios pertinentes ao decoro das igrejas e, secretamente, os enviava a sacerdotes pobres.
9. Quando, pois, na ausência do seu pai ficava em casa, ainda que comesse só com a mãe, enchia a mesa de pães, como se os preparasse para toda a família. Quando a mãe perguntava por que punha tantos pães na mesa, respondia que o fazia para “dar esmolas” aos pobres, pois fizera o propósito de dar esmola a quem pedisse g por Deus. A mãe, porém, que o amava mais que aos outros filhos, tolerava-o em tais coisas, observando as coisas que lhe aconteciam admirando muito isso em seu coração. Assim, pois, costumava pôr o coração nos pés para ajuntar-se aos companheiros, quando chamado por eles. E era tão atraído pela companhia deles, que muitas vezes levantava-se da mesa mesmo tendo comido pouco, deixando em aflição os pais por causa da saída tão desordenada. Já, agora, seu coração estava todo voltado para ver ou ouvir os pobres e dar-lhes esmolas com liberalidade.
10. Mudado assim pela graça divina – embora ainda em hábito secular – desejava estar em alguma cidade onde, incógnito, pudesse despir as próprias vestes e vestir as roupas de algum pobre, aceitas reciprocamente, e provasse pedir esmolas por amor de Deus.
Aconteceu que, naquele tempo, tinha ido em peregrinação a Roma. Entrando na igreja de São Pedro, notou que as ofertas de alguns eram módicas, e disse para si mesmo: “Se o príncipe dos Apóstolos deve ser magnificamente honrado, por que estes fazem tão insignificantes ofertas na igreja onde repousa seu corpo?” E assim, com grande fervor, meteu a mão na bolsa, retirou-a cheia de moedas e atirando-as pela janela do altar causou tanto barulho que todos os presentes se admiraram muito de tão magnífica oferta. Saindo para a frente da igreja, onde muitos pobres estavam “para pedir esmola”, secretamente, recebeu de empréstimo os andrajos de um homem pobrezinho e, despindo suas vestes, vestiu as dele. Ficando de pé nos degraus da igreja, com os outros pobrezinhos pedia esmola em francês, pois com prazer falava a língua francesa, embora não soubesse falá-la corretamente. Depois, despindo os mencionados andrajos e reassumindo os seus, voltou para Assis e começou a orar a Deus “para que dirigisse” seus caminhos. Contudo, a ninguém revelava seu segredo nem buscava conselho de ninguém nesse assunto, a não ser só de Deus, que começara a dirigir seu caminho e, às vezes, do Bispo de Assis, porque naquele tempo não existia em ninguém a pobreza verdadeira, que ele desejava, acima de todas as coisas deste mundo, querendo nela viver e morrer.
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