TEXTO-FONTE - 26º Encontro (31/07/21) Leitura Espiritual Franciscana - 2ª parte
- Frei
- 2 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Leitura Espiritual Franciscana
2ª Parte:
Rito de Passagem
O ÊXTASE MENTAL E MÍSTICO, NO QUAL E PELO QUAL
SE PASSA TOTALMENTE PARA DEUS
E A INTELIGÊNCIA ENCONTRA O REPOUSO E O AFETO
Itinerarium mentis in Deum, VII - São Boaventura
Cristo é o caminho, a porta, o veículo, o propiciatório colocado sobre a arca de Deus (cf. Ex 26,34) e o mistério desde sempre escondido (Ef 3,9). Quem olha para este propiciatório, com o rosto totalmente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com ele a páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio do lenho da cruz, atravessa o mar Vermelho, saindo do Egito e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas experimentando, tanto quanto é possível à sua condição de peregrino, aquilo que foi dito pelo próprio Cristo ao ladrão que o reconhecera: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43).
Nesta passagem, se for perfeita, é preciso deixar todas as operações intelectuais, e que o ápice de todo o afeto seja transferido e transformado em Deus. Estamos diante de uma realidade mística e profundíssima: ninguém a conhece, a não ser quem a recebe; ninguém a recebe, se não a deseja; nem a deseja, se não for inflamado, até à medula, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou ao mundo. Por isso, o Apóstolo diz que essa sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo (Cf. 1Cor 2,13).
Se, portanto, queres saber como isso acontece, interroga a graça, e não a ciência; o desejo, e não a inteligência; o gemido da oração, e não o estudo dos livros; o esposo, e não o professor; Deus, e não o homem; a escuridão, e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unções suavíssimas e afetos ardentíssimos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-a no calor da sua ardentíssima paixão. Verdadeiramente, só pode suportá-la quem diz: “Minha alma prefere ser sufocada, e os meus ossos a morte” (cf. Jó 7,15). Quem ama esta morte pode ver a Deus porque, sem dúvida alguma, é verdade: “O homem não pode ver-me e viver” (Ex 33,20).
Morramos, pois, e entremos na escuridão; imponhamos silêncio às preocupações, paixões e fantasias. Com Cristo crucificado passemos “deste mundo para o Pai” (cf. Jo 13,1), a fim de podermos dizer com o apóstolo Filipe, quando o Pai se manifestar a nós: Isso nos basta (Jo 14,8); ouvirmos com São Paulo: “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9); e exultar com Davi, exclamando: “Mesmo que o corpo e o coração vão se gastando, Deus é minha parte e minha herança para sempre!” (Sl 72,26). “Bendito seja Deus para sempre! E que todo o povo diga: Amém! Amém!” (Cf. Sl 105,48).
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