TEXTO-FONTE - 14º Encontro (08/05/21) São Francisco, um convertido por excelência

SÃO FRANCISCO DE ASSIS E SUAS ORDENS:

O QUERIGMA FRANCISCANO

Legenda dos Três Companheiros, 27 a 29

Tornando-se conhecida de muitos a verdade de tão simples doutrina, bem como da vida do Bem-aventurado Francisco, após dois anos de sua conversão, alguns homens começaram a animar-se para a penitência, por seu exemplo e abandonando todas as coisas, a unir-se a ele pelo hábito e pela vida, dos quais o primeiro foi Frei Bernardo, de santa memória. Este, considerando a constância e o fervor do Bem-aventurado Francisco no serviço divino, como com grande trabalho, reparava igrejas destruídas e levava vida áspera – sabendo que no século vivera delicadamente – propôs em seu coração dar aos pobres tudo quanto possuía e firmemente unir-se a ele pela vida e pelo hábito. Portanto, certo dia, achegando-se secretamente ao homem de Deus, revelou-lhe seu propósito e combinou com ele que, em determinada tarde, fosse a ele. O Bem-aventurado Francisco, pois, dando graças a Deus, e como não tinha ainda nenhum companheiro, alegrou-se muito, sobretudo porque o senhor Bernardo era homem de grande edificação.

Veio, pois, o Bem-aventurado Francisco, com grande exultação do coração à casa dele na tarde combinada, e ficou com ele toda aquela noite. Entre outras coisas, disse-lhe o senhor Bernardo: “Se alguém obtivesse de seu senhor muitas ou poucas coisas que conservasse por muitos anos e não mais as quisesse reter, o que, de melhor, poderia fazer delas?” O Bem-aventurado Francisco respondeu que as deveria restituir ao seu senhor, do qual as recebeu. E o senhor Bernardo disse: “Portanto, Irmão, eu quero distribuir todos os meus bens temporais por amor do meu Senhor que mos conferiu, assim como te parecer melhor”. Disse-lhe o Santo: “De manhã, bem cedo, iremos à igreja e, pelo livro dos Evangelhos, conheceremos como o Senhor ensinou seus discípulos”. Levantando-se, pois, de manhã, com um outro de nome Pedro, que também desejava fazer-se Irmão, vieram à igreja de São Nicolau, próxima da praça da cidade de Assis. Tendo entrado nela para a oração e, porque eram simples e não sabiam encontrar a palavra do Evangelho sobre a renúncia ao século, pediam devotamente ao Senhor que na primeira abertura do livro se dignasse mostrar-lhes sua vontade.

Terminada, pois, a oração, o Bem-aventurado Francisco, tomando o livro fechado, de joelhos abriu-o diante do altar. Na primeira abertura, ocorreu aquele conselho do Senhor: Se queres ser perfeito, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no Céu. Descoberto isso, o Bem-aventurado Francisco alegrou-se muito e deu graças a Deus. Mas, porque verdadeiro adorador da Trindade, quis ser confirmado por tríplice testemunho. Abriu o livro pela segunda e terceira vez. E na segunda ocorreu aquilo: Nada leveis pelo caminho, etc. Na terceira, porém: Quem quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, etc. O Bem-aventurado Francisco, tendo dado graças a Deus em cada abertura do livro pela confirmação do seu propósito e desejos há tempo concebidos, por três vezes, apresentada e mostrada, disse aos mencionados homens, Bernardo e Pedro: “Irmãos, esta é a vida e a nossa Regra e a de todos os que quiserem juntar-se à nossa companhia. Ide, pois, e realizai plenamente como ouvistes”.

Saiu, pois, o senhor Bernardo, que era muito rico, e tendo vendido tudo que tinha e, arrecadando muito dinheiro, distribuiu tudo aos pobres da cidade. Pedro também cumpriu plenamente o conselho divino, como pôde. Separados, pois, de tudo, ambos receberam igualmente o hábito que, pouco antes, o Santo tomara, depois que abandonou o hábito eremítico, e a partir daquela hora viveram juntamente com ele a forma do Santo Evangelho a eles mostrada pelo Senhor. E por isso, o Bem-aventurado Francisco disse no seu Testamento: “O Senhor mesmo me revelou que eu devia viver segundo a forma do Santo Evangelho”.

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suas Ordens - o querigma franciscano

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